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Jucá diz na gravação que "só o Renan Calheiros que está contra essa porra" |
Não há nenhuma diferença entre o governo que saiu e o governo que entrou. Aliás, o atual, de Temer, é uma colcha de retalhos do governo Dilma, inclusive no ministério. Um sintoma de que tudo continua na mesma são os diálogos gravados de forma oculta em março passado entre o ministro do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Mostram que o ministro fala em um "pacto" para deter avanço da Operação Lava-Jato. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Vamos começar pelos trechos da conversa entre Jucá e Machado. São
personagens do diálogo da dupla, além de Michel Temer, ora presidente da
República, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB; Renan
Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo Cunha, presidente afastado da
Câmara. De raspão, citam-se outros senadores e se sugere uma
interlocução incômoda com o Supremo.
Sobre Aécio
MACHADO – É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma…
JUCÁ – Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.
MACHADO – O Aécio, rapaz…
O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem
não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…
JUCÁ – É, a gente viveu tudo.
Sobre o STF
JUCÁ – [Em voz baixa]
Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só
tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a
imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’.
Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes
militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão
monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
Sobre Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Temer
MACHADO – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].
JUCÁ – Só o Renan
[Calheiros] que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel,
porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o
Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.
Outros senadores
MACHADO – A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…
JUCÁ – Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…
MACHADO – Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ – Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].
MACHADO – Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?
JUCÁ – Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.
Na
conversa, Jucá sugere a Machado que uma "mudança" no Governo Federal
resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela
Operação Lava-Jato, que investiga ambos. As conversas somam 1h15min e
estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Conforme
o advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida
Castro, o Kakay, seu cliente "jamais pensaria em fazer qualquer
interferência" na Lava-Jato. Advogado afirmou, ainda, que as conversas,
gravadas pouco antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment
da presidente Dilma Rousseff, não contêm ilegalidades.
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Machado passou a procurar líderes do PMDB porque temia que as
apurações contra ele fossem enviadas de Brasília para a vara do juiz
Sergio Moro, em Curitiba (PR). Em um dos trechos da conversa, o
ex-presidente da Transpetro diz a Jucá: "O Janot está a fim de pegar
vocês. E acha que eu sou o caminho. [...] Ele acha que eu sou o caixa de
vocês".
Machado fez ainda uma ameaça velada e pediu que fosse
montada uma "estrutura" para protegê-lo, afirmando que novas delações na
Lava-Jato não deixariam "pedra sobre pedra". Jucá concordou que o caso
de Machado "não pode ficar na mão desse [Moro]".
O atual ministro
afirmou que seria necessária uma resposta política para evitar que o
caso caísse nas mãos de Moro. "Se é político, como é a política? Tem que
resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa
sangria", diz Jucá, um dos articuladores do impeachment de Dilma.
Machado respondeu que era necessária "uma coisa política e rápida".
"Eu
acho que a gente precisa articular uma ação política", concordou Jucá,
que orientou Machado a se reunir com o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL) e com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).Machado
quis saber se não poderia ser feita reunião conjunta. "Não pode", disse
Jucá, acrescentando que a ideia poderia ser mal interpretada.
O
atual ministro concordou que o envio do processo para o juiz Moro não
seria uma boa opção e chamou Moro de "uma 'Torre de Londres'", em
referência ao castelo da Inglaterra em que ocorreram torturas e
execuções entre os séculos 15 e 16. Segundo ele, os suspeitos eram
enviados para lá "para o cara confessar".
Jucá acrescentou que um
eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o
Supremo, com tudo". Machado disse: "Aí parava tudo". "É. Delimitava
onde está, pronto", respondeu Jucá, a respeito das investigações.
O
senador relatou ainda que havia mantido conversas com "ministros do
Supremo", os quais não nominou. Na versão de Jucá ao aliado, eles teriam
relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de
outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato.
Machado
presidiu a Transpetro, subsidiária da Petrobras, por mais de dez anos
(2003-2014), e foi indicado "pelo PMDB nacional", como admitiu em
depoimento à Polícia Federal. No STF, é alvo de inquérito ao lado de
Renan Calheiros. Jucá é alvo de um inquérito no STF derivado da
Lava-Jato por suposto recebimento de propina.
O dono da UTC, Ricardo
Pessoa, afirmou em delação que o peemedebista o procurou para ajudar na
campanha de seu filho, candidato a vice-governador de Roraima, e que por
isso doou R$ 1,5 milhão.
Atualização da matéria da Folha
Em entrevista às 9 da manhã de hoje à Rádio CBN, O ministro do Planejamento, Romero Jucá, negou que tentou interferir para deter as investigações da Operação Lava Jato junto ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado . Nesta segunda-feira, 23, o jornal Folha de S. Paulo divulgou uma conversa em que Jucá sugere a existência de um pacto para obstruir a operação, dizendo que é preciso "estancar sangria". "Não me referia à Lava Jato. Falava sobre a economia do país e entendia que o governo Dilma tinha se exaurido. Entendia que o governo Temer teria condição de construir outro eixo na política econômica e social para o país mudar de pauta", disse Jucá.
O peemedebista confirmou que esteve com Machado, pessoalmente em sua casa e no seu gabinete, e classificou os trechos da conversa divulgada como "frases pinçadas". "Eu defendo e o Michel (Temer) também que haja aceleração da investigação para delimitar quem é culpado e quem não é culpado, quais são os crimes, quais políticos envolvidos ou não, porque hoje, ao ser mencionado alguém, parece que todo mundo tem o mesmo tipo de envolvimento, mas não é verdade. O Ministério Público, quando diz que é citado, coloca uma nuvem negra", falou Jucá.
O ministro também disse defender o trabalho do juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da operação em primeira instância, em Curitiba, mas disse que o magistrado tem atitudes "duras". Na conversa com Machado, Jucá classifica Moro como "Torre de Londres", local na Inglaterra onde ocorriam execuções e torturas. "Acho que em alguns momentos ele age com dureza, que tem criado esse tipo de pressão e às vezes envolvem pessoas que têm nada a ver e são mencionadas", falou se referindo às delações premiadas.
Na conversa divulgada pelo jornal, Machado pede apoio para que as ações que tramitam contra ele no STF, em Brasília, não fossem enviadas para a vara do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. "Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", disse Jucá em um dos trechos.
Segundo o ministro, que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, ele tem todo o interesse que o Ministério Público faça as investigações de forma mais rápida possível. "Quero investigação, tenho cobrado rapidez. Não me sinto confortável em ser citado como investigado. Perpetua essa nuvem sombria sobre a classe política".
STF. Jucá também negou ter falado com ministros do STF. "Tenho conversado sobre realidade econômica do País, construir saídas para o Pais crescer. Supremo tem papel importante para julgar rapidamente as investigações".
Aécio. Na conversa, Machado fala sobre o "esquema do Aécio" citado. Jucá afirmou que o ex-dirigente da Transpetro citava a articulação que ajudou eleger o senador do PSDB como presidente da Câmara.
Defesa. De acordo com o advogado de Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a conversa entre Jucá e Machado foi "totalmente republicana". Ele alega que o peemedebista jamais teve a intenção de interferir nas investigações sobre o esquema de corrupção em contratos da Petrobrás. Segundo Kakay, "juridicamente" não há "nenhuma gravidade. Em 1h15 de conversa, aquilo é o que virou notícia? Isso não nos preocupa em nada", disse. Fonte: O Estado de São Paulo.
Atualização da matéria da Folha
Em entrevista às 9 da manhã de hoje à Rádio CBN, O ministro do Planejamento, Romero Jucá, negou que tentou interferir para deter as investigações da Operação Lava Jato junto ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado . Nesta segunda-feira, 23, o jornal Folha de S. Paulo divulgou uma conversa em que Jucá sugere a existência de um pacto para obstruir a operação, dizendo que é preciso "estancar sangria". "Não me referia à Lava Jato. Falava sobre a economia do país e entendia que o governo Dilma tinha se exaurido. Entendia que o governo Temer teria condição de construir outro eixo na política econômica e social para o país mudar de pauta", disse Jucá.
O peemedebista confirmou que esteve com Machado, pessoalmente em sua casa e no seu gabinete, e classificou os trechos da conversa divulgada como "frases pinçadas". "Eu defendo e o Michel (Temer) também que haja aceleração da investigação para delimitar quem é culpado e quem não é culpado, quais são os crimes, quais políticos envolvidos ou não, porque hoje, ao ser mencionado alguém, parece que todo mundo tem o mesmo tipo de envolvimento, mas não é verdade. O Ministério Público, quando diz que é citado, coloca uma nuvem negra", falou Jucá.
O ministro também disse defender o trabalho do juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da operação em primeira instância, em Curitiba, mas disse que o magistrado tem atitudes "duras". Na conversa com Machado, Jucá classifica Moro como "Torre de Londres", local na Inglaterra onde ocorriam execuções e torturas. "Acho que em alguns momentos ele age com dureza, que tem criado esse tipo de pressão e às vezes envolvem pessoas que têm nada a ver e são mencionadas", falou se referindo às delações premiadas.
Na conversa divulgada pelo jornal, Machado pede apoio para que as ações que tramitam contra ele no STF, em Brasília, não fossem enviadas para a vara do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. "Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", disse Jucá em um dos trechos.
Segundo o ministro, que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, ele tem todo o interesse que o Ministério Público faça as investigações de forma mais rápida possível. "Quero investigação, tenho cobrado rapidez. Não me sinto confortável em ser citado como investigado. Perpetua essa nuvem sombria sobre a classe política".
STF. Jucá também negou ter falado com ministros do STF. "Tenho conversado sobre realidade econômica do País, construir saídas para o Pais crescer. Supremo tem papel importante para julgar rapidamente as investigações".
Aécio. Na conversa, Machado fala sobre o "esquema do Aécio" citado. Jucá afirmou que o ex-dirigente da Transpetro citava a articulação que ajudou eleger o senador do PSDB como presidente da Câmara.
Defesa. De acordo com o advogado de Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a conversa entre Jucá e Machado foi "totalmente republicana". Ele alega que o peemedebista jamais teve a intenção de interferir nas investigações sobre o esquema de corrupção em contratos da Petrobrás. Segundo Kakay, "juridicamente" não há "nenhuma gravidade. Em 1h15 de conversa, aquilo é o que virou notícia? Isso não nos preocupa em nada", disse. Fonte: O Estado de São Paulo.
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