Dois anos atrás, um agente da Polícia Federal de Belém, em conversa com o redator do Ver-o-Fato, foi franco e direto: "o que tens por aí sobre fraudes na pesca?". A resposta veio na lata: "o que tenho tu vais saber pelo jornal, quando sair a matéria". O servidor da PF puxou conversa meio malandra, insinuando que o jornalista poderia "trocar informações" sobre as bandalheiras na pesca no estado do Pará.
A coisa seria mais ou menos assim: o repórter daria algumas pistas sobre o que sabia, para a PF checar com o que ela já tinha, e em troca daria "exclusividade" ao jornalista na divulgação das informações, quando a operação para desmantelar as quadrilhas fosse deslanchada.
Quem faz jornalismo investigativo alguma vez na vida já sofreu, digamos assim, esse tipo de assédio. Alguns cedem e viram colaboradores, o que é ruim para os dois lados. Tanto, para o jornalista, que compromete sua independência, quanto para o policial, seja ele federal, civil ou militar, que expõe sua fragilidade e incapacidade de descobrir por conta própria as denúncias que chegam às suas mãos.
O redator do blog, em 40 anos de jornalismo, já enfrentou situações de todo tipo, algumas bizarras, que nem vale a pena relatar aqui. Até pressões para revelar fontes, sem nunca se dobrar.
Mas, voltando à conversa com o policial federal, ao negar a "troca de informações", o jornalista apresentou uma justificativa que fez o agente da PF emudecer, despedir-se e sair de fininho: "se eu fizer o que tu me pedes, eu estarei prejudicando a nós dois, porque eu teria que virar policial federal, investigar e prender criminosos, coisas que não sei fazer, e tu terias que virar repórter, apurar e escrever matérias, coisas que tenho certeza não sabes fazer".
Chega de papo. O que falei acima foi uma preparação para dizer que hoje pela manhã, a Polícia Federal realiza operação de
combate a fraudes na concessão do benefício social de seguro defeso ao
pescador artesanal no Pará. Estão sendo cumpridos 17 mandados de prisão
temporária e 17 mandados de busca e apreensão nas cidades de Belém, Ananindeua, Soure, Cametá, Santa Isabel e Altamira.
Denominada “Arapaima”, a operação tem como foco o combate a prática dos
crimes de estelionato, corrupção passiva e ativa, inserção de dados
falsos em sistemas de informação, além do crime de associação criminosa.
De acordo com a PF, o esquema fraudulento envolve servidores e
intermediários ligados aos órgãos públicos envolvidos no processo de
concessão do benefício.
As investigações foram conduzidas através de inquérito policial
instaurado em abril de 2014 para apurar e identificar os membro da
organização criminosa. As atividades ilícitas eram realizadas com a
inserção de dados falsos no sistema de registro geral da pesca (RGP),
possibilitando o cadastramento de pessoas que não eram pescadores
artesanais.
Com o registro de que a informação sobre operação da PF está no G1, da Globo, o Ver-o-Fato vai acompanhar o desfecho da ação policial, informando os leitores de seu resultado. Vamos à pesca de informações.
E que na rede não caiam apenas bagrinhos e peixes esquálidos, mas também peixes do tamanho do pirarucu. Se cair algum tubarão na rede, melhor ainda.
Parece que pegaram o vereador (PRB) e pastor da Universal, Raul Batista.
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